quinta-feira, 23 de julho de 2009

Respirando Cinema

Estamos aqui na sala do café da manha onde todos os membros da equipe do curta Shala se reúnem, às 6 da manha, para a primeira refeição. Hoje é domingo, 12 de julho, último dia de filmagem. No ar já paira um clima de saudade.

As pessoas agora já se conhecem mais e conversam entre si, trocam idéias, vislumbram possibilidades e parcerias.
Eu e o Ronaldo estávamos com a intenção de, ao chegarmos em Macapá, realizarmos uma reunião para apresentarmos um relatório com vídeo e fotos mostrando o que assistimos aqui e como foi a nossa participação, a participação do coletivo palafita nas filmagens. Já nesta primeira reunião estávamos planejando fazer o lançamento de um concurso de roteiros para já metermos a mão na massa com a produção de um curta metragem, entretanto, fomos aconselhados pelo Claudio Barros a fazer, antes do lançamento de um concurso de roteiros, um workshop de roteiros pois, já que o roteiro é algo diferente de um simples relato de uma história e tem suas especificidades, o ideal é que e as pessoas estejam qualificadas para escrever no formato correto. Ele ficou de nos indicar um nome que, segundo ele, é de uma pessoa que é de Macapá, mas que mora em Belém a muito tempo. Vamos tentar articular este curso nos moldes do circuito, ou seja, sem o pagamento de cachê, mas o Claudio não soube informar de antemão se este profissional aceita estes termos. Caso não seja possível fazer sem o cachê, tentaremos articular um patrocínio, pois é um curso de uma semana e bem completo.

Fizemos um outro contato com o Bruno Assis que é o segundo assistente de direção do Shala. O Bruno já tem algumas oficinas formatadas para ministrar. O grande lance do Bruno é que ele segue uma linha mais alternativa. Ele trabalha com a proposta de exercitar a linguagem do cinema sem necessariamente usar uma estrutura grandiosa. Ele gosta de trabalhar com iluminação natural, com câmeras digitais e usar de improvisação para fazer os filmes. A oficina dele seria com um pouco de teoria e com muita mão na massa. Um lado positivo do bruno é que ele tem como se hospedar em Macapá, não gastaríamos com hospedagem, entretanto, ele sugeriu que o dinheiro que usaríamos pra hospedagem fosse convertido em cachê, mas não ficou nada acertado.
Eu e Nilza Maria, atriz principal do curta Eleanor
Independente de qualquer coisa, teremos o workshop do Claudio Barros e (muito provavelmente) sem custos, pois o Claudio tem idas periódicas a Macapá pra tratar de assuntos do Tainá III.

Assim que começar a ser rodado o próximo filme, o Eleanor, já seremos, eu e o Ronaldo, apresentados para a equipe e para o elenco como produtores de elenco. Isso quer dizer que seremos os responsáveis por providenciar tudo que o elenco necessitar para o seu bem estar. Isso mesmo. Teremos que nos certificar que o elenco vai ter uma sala ou um espaço só pra eles, que esta sala terá um isopor com água, que eles se alimentem adequadamente. Teremos a função de levá-los ao set e de trazê-los, teremos que sempre saber onde estão todos os atores. Não parece simples e realmente não é. Quando menos se espera o diretor chama os atores e caso não saibamos onde um deles está, teremos problemas.
Eu, figurantes e o "som direto" Aloísio
Já teremos garantidos os nossos nomes nos créditos do filme Eleanor e talvez entremos nos créditos do Shala como estagiários, o Claudio está tentando conseguir isto. Como perguntar não ofende, perguntei a ele sobre a possibilidade da logo do coletivo entrar, ele disse que não, pois cada logomarca que aparece nos créditos tem um custo... então só aparecerão os nossos nomes mesmo.

Agora já é dia 13 e ontem, no final do filme, quando ainda pairava o clima de comemoração no ar, agradecemos ao Claudio pela oportunidade e o mesmo adiantou que esta parceria ainda irá render muitos outros frutos. Na construção do Tainá III o coletivo estará presente.

O bonito desta história é que tudo está se construindo, segundo o próprio Claudio, graças àquela primeira reunião que tivemos com ele na saída do palácio do governo, quando tomamos refrigerante naquela casa de sanduíches e ele pode sentir o envolvimento dos membros do coletivo, sentir a seriedade da paixão nos olhares e a vontade que temos de produzir cultura.

abraços e até o próximo relato.

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