quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Sobre o Festival Quebramar de Música Independente

foto: Macaco Bong por Ricardo D'Almeida (eu mesmo)

A dor
Antes de mais nada quero dizer que não me perdôo por não ter feito as fotos da stereovitrola. Fui incompetente o suficiente para colocar a bateria da maquina pra carregar num carregador fora da tomada. Algum maldito tirou da tomada por algum motivo, mas eu deveria ter verificado antes. Então o que aconteceu foi que quando fui colocar a bateria na máquina ela (a bateria) não tinha bulhufas de carga e então não deu mais tempo. Entendo perfeitamente a paciência do meu amigo Marinho (baixista da stereovitrola) ao ter me dito com todo carinho:
- Na boa Ricardo, por que você não se mata?*
E eu retrucar cordialmente (só mentalmente é claro):
- Esse bicho num guenta 10 minutos de porrada comigo!** (pensei)
Depois fomos tomar guaraná.

A chegada
Bem antes dos shows e do fatídico episódio da bateria sem carga, começaram a chegar as pessoas e as bandas. Os primeiros foram os nossos parceiros (e parceiras) do coletivo Tomarrock de Roraima e a banda Klethus.
Macaco Bong, Aeroplano, Turbo e Mopho e Jolly Jocker foram chegando na madrugada da véspera do festival. Tínhamos uma caravana de gente ajudando no transporte, gente do coletivo e das bandas.
Clube de Vanguarda Celestial chegou por etapas: parte por ar, parte pelo rio-mar. Acho que foi isso.

O palco
Bem, o palco é aquela história, tem que ter palco pra ter festival e o palco tem que ser montado, então o palco, o principal, aquele que tinha que estar pronto às sete da noite, após injustificável demora na liberação do espaço pela UNIFAP, foi montado.
Unifap, Unifap, tô de olho em você filha. Vê se presta atenção no contexto. Olha o bonde da história garota. Se continuar assim, não vou mais gostar de você. Não vou mesmo.

A circulação
Um episódio geral de revolta se instalou num dado momento na primeira noite do festival. A referida revolta se justificou pelo fato de a segurança da universidade ter começado a impedir a entrada das pessoas por volta das 22hs. Um alvoroço se formou em frente ao portão, a indignação tomou conta das cabeças encaracoladas. Um monte de cérebro louco pra consumir cultura e ansioso por conhecer e ouvir a boa nova vinda de vários cantos do Brasil e dos vários cantos do Amapá! A boa nova é a produção de música autoral de qualidade, de artes plásticas, artes visuais, fotografia e um cacatau de coisinhas que o nosso cérebro precisa pra ficar forte e bonitão. Então, haviam por lá homens treinados em cuidar do patrimônio físico do espaço, e do outro lado, haviam cérebros sedentos e talvez até com síndrome de abstinência de cultura. Foi muito triste aquilo, tristão***. Me fez até lembrar da música “A Novidade” do Gil.
Então o conflito era mais ou menos esse aí. Será que foi um mal entendido ou um mau intencionado acontecido? Sei lá porra! Mas que não se repita, pois fica feio isso pra universidade, muito feio mesmo, feião!

A segunda noite
Ó, como foi bela a segunda noite!
Com os dois palcos funcionando e tantas bandas mostrando os seus trabalhos, a segunda noite veio pra dizer que valeu muito a pena todo o esforço do Coletivo Palafita e dos parceiros pra realização do festival. Com a experiência adquirida os próximos Festivais Quebramar de Música Independente serão ainda melhores. Eu sei disso. Como eu sei? É que eu sou astrólogo! Vocês precisam acreditar em mim, eu sou astrólogo! Eu sou astrólogo e conheço a história do princípio ao fim!****

Lab
No palco laboratório o povo ficou bem perto das bandas, o que é muito bom, bom mesmo. As bandas que não tocaram no primeiro dia por problemas técnicos tocaram no segundo. Foi maratona, mas todo mundo tocou e foi divertido. Muito divertido mesmo. Muita energia o palco laboratório. Gás total. Ipcionante!

Mesas
Um dos marcos mais marcantes do Festival Quebramar foi a fundação do Fórum Amazônico de Música Independente (F.A.M.I.) que, gerado, em Macapá, pretende reunir os atores das cenas amazônicas e formar uma cena amazônica de música independente. Alguma coisa sobre a criação deste fórum já havia sido alvo de troca de idéias na lista de discussões do Coletivo Palafita na internet, debate que foi levantado por Nicolau Amador. O F.A.M.I gerado em Macapá pretende se reunir no Fórum Social Mundial em janeiro de 2009 em Belém, ta perto.

Ressaca
Vem aí a ressaca do Quebramar (sacou? Ressaca, quebra mar, tudo haver), aguardem. Algumas bandas que não puderam tocar no festival devido ao estouro do teto de horário, vão tocar na ressaca. Os aguardados shows da Godzilla, Samsara maya, Martirium vem aí. Fique ligado aí filhote pra não perder essa barca. Já pensou se perder?

E agora?
O Macaco Bong (Banana Bong segundo o equívoco duma jornalista numa entrevista aqui) continua aqui em Macapá provavelmente até a quinta feira dia 11 de dezembro. Os caras estão botando lenha na cena. Estão falando sobre como as coisas são feitas em Cuiabá e em outras partes do Brasil. As bandas e produtores locais estão atentos às palavras que saem da boca dos caras. Gente boa os caras.
Na última terça feira houve uma reunião onde compareceram integrantes de várias bandas, o coletivo palafita, membros da CUFA, sebos, Vanguarda Cultural entre outros, onde foram expostas as angústias de todos pela união e pela continuidade dos trabalhos.

É muito massa ter feito parte disso aí.
Parabéns a cada um e a todos os amigos e amigas que não deixam a peteca cair.

Quem quiser ver as fotos do festival entre no meu flickr:
www.flickr.com/photos/ricardotd . Não dá pra postar tudo, pois é muita foto, dei uma filtrada.

Pensamento do dia: a internet é tipo como se fosse um relógio: às vezes adianta, às vezes atrasa.



* citando Allan Sieber
** citando Gil Brother (o Away de Petrópolis)
*** não é aquele da Isolda
**** citando Raul